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  • Foto do escritorRodrigo Goncalves

O fim do medo do Deus matemático

Atualizado: 25 de fev. de 2020

Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650), John Locke (1632-1704) e Isaac Newton (1667 - 1686) tiraram a humanidade das trevas. Eles instituíram a percepção e a razão como meios de conhecer e explorar o mundo. Como consequência desta nova epistemologia, veio uma nova metafísica (realismo e modernismo), ética (individualismo) e política (capitalismo liberal). Com as luzes do iluminismo e o capitalismo liberal veio uma onda de prosperidade e desenvolvimento.


Entre 1780 e 1815 a cultura anglo-americana e a germânica tomaram caminhos radicalmente diferentes; uma seguindo um programa amplamente iluminista, enquanto a outra se voltava para o Contrailuminismo.


Os alemães olhavam o iluminismo com suspeita. Por várias razões, mas talvez a mais forte delas tenha sido a religião e a moral. Deus tinha deixado de ser um criador passional e compassivo para ser um supremo matemático.[5] Na época, para muitos, a matemática era mais inacessível que o latim. Além disto, esta abstração fria não despertava paixão e temor nas pessoas durante a missa dominical.


Na medida em que a ciência tomava corpo e começava substituir explicações místicas por racionais, se tornava cada vez mais clara uma visão de futuro sem Deus.


O Espiritismo surgiu em 1857 com a publicação do Livro dos Espíritos por Allan Kardec (1804 - 1869). Sua chegada deu-se depois que o Contrailuminismo já tinha estabelecido suas raízes. As ciências exatas e humanas ainda não estavam preparadas para assimilar a enorme profundidade filosófica do Espiritismo. Por isto seu papel como pacificador e unificador entre razão e religião não foi assimilado em sua época.


Do século XIX até os dias de hoje o debate se aprofundou e o Contrailuminismo derrotou o iluminismo nas ciências humanas, estabelecendo o Pós-modernismo. Não é difícil entender o porquê e como isto está para mudar.


Immanuel Kant foi o pensador mais importante do Contrailuminismo. Seguindo os passos de alguns pensadores que o antecederam (ex. J. Hamann e J. Herder), Kant criou uma imensa confusão em sua Crítica da razão pura. Ele se colocou como grande defensor da razão ao mesmo tempo que afirmava que o aspecto mais importante da razão é o fato de que ela não tem ideia do que seja realidade. "Aqui, portanto, achei necessário negar o conhecimento a fim de abrir espaço para a fé" [1]


Kant se aproveitou da imaturidade do Iluminismo e encontrou soluções para problemas filosóficos no subjetivismo e na negação da razão.


"Tudo que é intuído no espaço ou no tempo, e portanto, todos os objetos de experiência possíveis a nós, não são mais que aparências, ou seja, meras representações, que, da maneira como são representadas, como entes expandidos ou uma sequência de alterações, não tem existência independente fora dos nossos pensamentos" [2]

Kant inferiu que o sujeito está proibido de conhecer a realidade tratando os órgãos da consciência como obstáculos à consciência. Isto é mais ou menos igual a introduzir uma multiplicação por zero em uma prova matemática. A diferença é que a divisão por zero de Kant é extremamente ofuscada na complexidade de seu raciocínio e retórica.


"(...) todas as objeções à moral e à religião serão silenciadas para sempre, e isso ao estilo de Sócrates, isto é, pela clara demonstração da ignorância dos opositores" [3]

Hegel literalmente inseriu mais uma multiplicação por zero na filosofia ao rejeitar claramente a lei aristotélica da não contradição: absolutamente tudo repousa "na identidade da identidade e da não identidade" [4]


Hegel introduziu as bases do relativismo como conhecemos hoje [5], através de uma metafísica tresloucada:

  1. A realidade é uma criação inteiramente subjetiva

  2. As contradições são intrínsecas à razão e à realidade

  3. Como a realidade evolui de maneira contraditória, a verdade é relativa ao tempo e ao lugar

  4. O coletivo, não o individualismo, é a unidade operacional


Em paralelo a isto, Marx extrapolava as relações pseudo-feudais do início do capitalismo em visões distópicas delirantes e conceitos tóxicos.


Assim, da epistemologia, metafísica e ética Pós-moderna, nasceu a política coletivista em todas as suas mais aterrorizantes e destrutivas formas (socialismo, comunismo, nazismo, fascismo, etc).


Por outro lado, o mundo de horror, dor e sofrimento, expiações e provas, criado pelos contrailuministas e pelo coletivismo, criou o cenário ideal para o amadurecimento e fortalecimento do Espiritismo. Nenhuma nação foi poupada. Até mesmos as nações onde o Capitalismo floresceu com mais força, sofreram e sofrem mazelas como consequência da intoxicação progressista. Em nenhum lugar no mundo o Capitalismo foi implantado de forma plena.


As implicações filosóficas e científicas do Espiritismo ainda hoje estão fora do alcance da grande parte de nossa população. O mundo não estava e ainda não está preparado para o Objetivismo científico e religioso.


O Espiritismo é o antídoto de primeira hora do Contrailuminismo pois mostra que a fé pode ser raciocinada. Que não há problema algum de Deus ser o grande matemático do universo e ao mesmo tempo o grande pai amoroso. Ele mostrou que até mesmo a realidade mais distante e impalpável pode ser escrutinada através do método científico e da razão.


Somos bilhões de pessoas neste planeta. Encarnados e desencarnados. Cada um de nós, individualmente, tem um gigantesco potencial criador. A tecnologia está quebrando barreiras e possibilitando que cada uma destas pessoas possa desenvolver seu potencial. As forças contrárias à evolução dos indivíduos, interessadas em manter as trevas e centralizar o poder, se alimentam da confusão filosófica pós-moderna, travestida de ambientalismo e socialismo multicultural (raça, sexo, e outras minorias).


Diferentemente do século XIX, hoje o homem comum tem acesso à informação sem filtros, sem barreiras. Os Pós-modernistas se debatem como um peixe raivoso fora d'água para tentar manter as falácias contrailuministas. Já partiram para o uso de argumentos ad hominem, mentiras explícitas e de falácias.


Nosso planeta passa por um novo momento de transformação em grande escala. Esta transformação está vindo de dentro para fora- ela está nascendo dentro de cada um de nós.


O entendimento de que há uma realidade objetiva atingível pela razão, que ela e o livre-arbítrio são as nossas principais ferramentas para evolução, e que a fé pode e deve ser raciocinada, dissipa o nevoeiro das trevas do pós-modernismo.


É muito difícil fazer projeções acerca do futuro. Invariavelmente, por razões que merecem um outro post neste blog, todas as projeções falham (vide http://paleofuture.com). É muito difícil estimar quanto tempo ainda vai levar para o Espiritismo e o Capitalismo estarem plenamente inseridos.


Como estudioso, acadêmico e profissional da área de tecnologia, sou bastante otimista. Vejo a tecnologia como uma espécie de catalizador deste processo.



[1] - Crítica da razão pura - Immanuel Kant (Segundo Prefácio à primeira Crítica)

[2] - Kant, 1781, B519/A491

[3] - Kant, 1781, Bxxxi

[4] - Hegel, 1812-16, p.74

[5] - Explicado o Pós-modernismo - Stephen Hicks - 2011



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